sábado, 23 de maio de 2009

Flor no Espelho, Lua na Água

Máscaras por vezes falham, mesmo que se possa confeccioná-las de maneira que pareçam perfeitas, alguns rostos parecem simplesmente ter ácido. Não só aquelas que mostram sentimentos artificiais, até o mais básico, e digo isso no sentido de ser primordial para todos os outros, dos simulacros eventualmente se mostra ineficiente, falho. Algumas pessoas aprendem que não se pode mascarar os olhos sem ficar cego. E quando aqueles que se apresentam mascarados desde o início resolvem tirar suas máscaras, causam estranhamento àqueles que aprenderam a amá-las. Sim, aquilo que sempre admiraram fora as máscaras. Nunca olharam para seus olhos por acharem que eram tal como a pele falsa em sua face. E então, removido o espelho, vêem que preferiam ao simulacro, e lutam para que seja colocado de volta. Só não param para pensar que a lua na água só brilhava tanto por estar em um escuro grande demais, e, uma vez perturbada a paz lúcida de sua superfície, e contemplada sua verdadeira natureza, sempre saberão que aquela terrível e profunda treva estará lá, não importa o quão brilhe o espectro alvo da lua. E não conseguirão, então, olhar para nada que não sejam seus olhos, e os temerão para sempre, e tremerão à mera memória. Mas, quem sabe... para alguém que não possa olhar para cima, aquela lua na água é a única que existe. Fato é que é melhor afogar-se tentando pegar o reflexo na água do que viver tentando alcançá-la do céu

A ilusão quebrou-se, Kyouka Suigetsu, mas ainda podes mascarar com perfeição,e suas máscaras serão sua maior força


domingo, 17 de maio de 2009

Maldição

Compreensão pode ser a pior das maldições.

Um dom raro: quantos são aqueles que podem, por um simples olhar, ou talvez então pela mera proximidade, conhecer o que uma pessoa sente? Ou quão raros são os que compreendem, através de poucas palavras, os motivos, emoções e ações de um amigo?
Ora, por tal descrição, a empatia não é mais que uma facilidade: quem compreende pode ser aceito. A maldição real é saber que, mesmo que possa entender a todos, por ninguém será compreendido.

Humanos podem ser muito diferentes uns dos outros, mas, tendo identificado-se mutuamente em algumas poucas coisas, sendo estabelecida uma pequena parcela de compreensão, não é preciso muito para que permaneçam juntos e relacionem-se na oh tão nobre amizade. E esses amigos reunem-se em pequenos grupos de acordo com a caracterísica em comum. Estão juntos e dão suporte uns aos outros. Até que ponto?

Enquanto puderem compreender-se, estarão unidos. Mas aqueles que nasceram com o dom da empatia não podem ser por eles compreendidos. Qual a relação que podem ter com outras pessoas, se a amizade, em teoria, não pode existir sem mútua compreensão? É exatamente essa a resposta: nenhuma. Por compreenderem, amam, e por compreenderem são... amados? Uma mentira. Não podem ser amados. Qualquer sentimento que possa existir por um desses desgraçados não passa de ilusão. Por vezes, esses mesmos condenados são tolos o suficiente para achar que podem ser compreendidos, só para então cair num abismo de egoísmo, onde afinal olharão para si próprios e verão o quão vazios realmente são. E por serem vazios podiam compreender, já que aquilo que sempre fizeram, na realidade, fora encher o buraco em seus peitos com os sentimentos alheios. Apenas não podiam até então notar que é impossível preencher o nada. E o nada os consome, e no nada, solitários devem ser tristes, como um geass que os afasta daqueles que insistem em amar. E por eles irão morrer. Por seu bem, serão humilhados. E ainda assim não verão um singelo olhar de gratidão verdadeira.

Onde luz e trevas consomem um ao outro, o cinzento nada reina supremo.
Não é o zero, afinal, simétrico e perfeito?


domingo, 3 de maio de 2009

Rosa Mística

Regozijem! Porque o demônio horrível da flor do inferno foi dominado pelas pétalas de amizade que a embelezavam! Ah, a maravilhosa vida! Dominada não mais por um Anima sangrento e mortal, mas por um demônio tão surpreendentemente dócil e gentil que faz com que a rosa se indague como não viu o poder que tinham suas pétalas, ou como também não pôde ver que o doce perfume que exalava vinha do próprio ser horrendo que a torturava. Não a culpemos, por favor. Afinal, até que o demônio fosse dominado, ela não conseguia sentir cheiro algum.

Evil flower,
Blooms dainty.
With vivid coloration,

As for pitiful weeds around
Oh became nutrient and (now) decaying off

Ah, mas o destino pode ser muito, muito cruel. Já que, para que fosse derrotado o demônio, duas das pétalas tornaram-se heroínas por assim dizer, tal feito teria sido impossível não fosse por elas. A verde mão do destino, porém, causando acidente, raiva e imcompreensão, fez com que essas duas pétalas de maior beleza existentes se separassem, e pouco sabem elas o quanto isso enfraqueceu a rosa, que tentou incansavelmente juntá-las, para que recobrada fosse sua tão recente obtida força. Mas a rosa não pôde. E tarde demais percebeu que, se não houvesse lutado, ambas as pétalas haveriam retornado para perto uma da outra, fazendo assim com que se tornasse ainda mais forte do que fora outrora. Tarde demais percebeu que a verde mão do destino era seu próprio talo.

Evil flower,
Blooms dainty
In maniacal coloration.
Although it is a very beautiful flower
Oh there's too much thorn it can't be touched.


Também foi tarde demais que a rosa viu que, por sua luta, fez com que as duas pétalas que tanto lhe davam força caíssem. Surpreendeu-se porém porque, com elas, como que surgida do nada, caíra também uma esfera de vidro, e seus estilhaços a machucaram muito, a ponto de quase fazê-la cair. Seus estilhaços também cortaram as algemas do Anima que houvera sido contido, e, agora, sem as pétalas valorosas para contê-lo, nada o prenderia de novo. Mas regozijem! O que as pétalas houveram feito não fora em vão, e agora o demônio é gentil, e irá proteger a rosa usando os mesmos estilhaços que a houveram machucado tanto, e com eles fará à sua volta uma redoma, para que nenhuma outra pétala ou qualquer coisa possa machucá-la de novo, e ah! Ele teve o cuidado de também manter as duas pétalas bem próximas dela, para que possam lhe dar força, mesmo que tão reduzida a ponto de não parecer nada.

Evil flower,
Blooms dainty
In doleful coloration.
Paradise (made) for her,
Oh, collapsing brittle but fleetingly.


E nessa redoma, a rosa continuará a viver, ainda dominada pelo Anima que antes a destruía, porém que agora cuida dela para que nenhuma outra pétala possa cair, evitando que ela destrua a si própria enquanto tenta se concertar. Esse demônio é, afinal, o amor, e mesmo que ainda seja terrível e destruidor por natureza, seu único olho sangrento agora demonstra gentileza, e guardará as pétalas junto a si, para que elas não apodreçam antes que a própria rosa morra, mas mantendo a distância que elas tiveram de criar graças ao monstruoso destino, que, no fim, nada mais era do que a própria rosa, e não é mais o demônio o grande destruidor, mas ela mesma.

Evil flower,
Scatters dainty
In vivid coloration.
The people of latter-day talk (of her) as such,
Oh she was truly the daughter of evil.