domingo, 22 de março de 2009

Anima

Quão inútil é a vida? Nascer, causar dor física. Viver, sentir dor de todo tipo. Morrer, causar dor emocional.


A vida, como uma flor do inferno que, acorrentada ainda na forma de botão, parece bela. E, tendo a oportunidade de se libertar, tendo duas correntes estraçalhadas e seu verdadeiro eu evocado por aqueles que nela vêem uma bela rosa, revela seu demônio.Mas esse demônio, ainda assim, tem seus braços acorrentados pelos grilhões. Esse demônio se liberta, e ele é a dor. Mas também ele habita a belíssima rosa. E essa rosa é a vida. Ora, essa flor não é mais do que o próprio demônio. Terrível e atemorizador, sim. Mas também terrivelmente belo, em seu clamor pela própria morte. Porque assim como a dor que ele mesmo não pode deixar de causar, ele também a sente. Uma rosa pecadora.


Ninguém precisa sentir dor. Quem precisa viver?



Quão maravilhosa é a amizade, as pétalas da flor. Porque mesmo que impere sobre elas o rei do sofrimento, sustentam umas às outras, e fazem com que esta vida, essa dor, esse demônio, se torne belo.


Quão terrível o amor, o demônio ensangüentado que impera sobre a flor. Porquê em seu único olho sangrento paira a visão de todo o mal que pode afligir o corpo e a mente de um humano, e basta não mais do que um piscar, tendo findado por um breve instante o amor, não há vida que possa continuar. Já que naquele pequeno momento, toda a luz cessou, e não pode a flor imaginar viver sem ela.

Um comentário:

Daani disse...

As pétalas da flor a embelezam. ;) O que seria da flor sem elas? E as coisas são feitas na medida de que as aguentamos, logo, se sofremos, nós aguentamos esse sofrimento, e a partir deste, é bem possivel que a flor será feliz, com a suas pétalas.